Vila Flores | Ago 2018
Brechó da Humanidade nas segundas-feiras, de 13 de Agosto a 23 de Setembro de 2018, sempre às 19h30, no Vila Flores, Rua São Carlos, 753 em Porto Alegre. Classificação 14 anos Duração de 45 minutos Entrada franca e contribuição espontânea ao final do espetáculo. O café do Vila Flores estará aberto à partir das 18h para acolher o seu fim de tarde e prepará-lo para o espetáculo. Preambulo Em 1957, um objeto terrestre, feito pela mão do homem, foi lançado ao universo, onde durante algumas semanas girou em torno da Terra segundo as mesmas leis de gravitação que governam o movimento dos corpos celestes – o Sol, a Lua e as estrelas. É verdade que o satélite artificial não era nem Lua nem estrela, não era um corpo celeste que pudesse prosseguir em sua órbita circular por um período de tempo que para nós, mortais limitados ao tempo da Terra, durasse uma eternidade. Ainda assim, pôde permanecer nos céus durante algum tempo, e lá ficou, movendo-se no convívio dos astros como se estes o houvessem provisoriamente admitido em sua sublime companhia. Este evento, que em importância ultrapassa todos os outros, até mesmo a desintegração do átomo, teria sido saudado com a mais pura alegria não fossem as suas incômodas circunstâncias militares e políticas. O curioso, porém, é que essa alegria não foi triunfal. O que encheu o coração dos homens que, ao erguer os olhos para os céus, podiam contemplar uma de suas obras-primas, não foi orgulho nem assombro ante a enormidade da força e da proficiência humanas. A reação imediata, expressa espontaneamente, foi alívio diante do primeiro passo para libertar o homem de sua “prisão na terra”. Esta estranha declaração, longe de ser um lapso acidental de algum repórter estadunidense da época, reflete até hoje uma certa “condição humana”, uma certa ideia equivocada que credencia o homem à propriedade de algo que não lhe pertence, e o torna deus de um lugar que não existe. Adaptado do livro A Condição Humana de Hannah Arendt