Entrevista | Set 2014
Rudinei Morales Fora da Caixa. A EOnline conversou com o ator, cenógrafo e diretor, que apresenta o espetáculo Teatro de Caixa nos próximos meses em três unidades do Sesc/SP. O espetáculo O Teatro de Caixa é resultado de uma pesquisa de cinco anos realizada pelo ator e cenógrafo Rudinei Morales sobre o Toy Theatre, uma variante do Teatro de Figuras. Adaptação do conto Os Músicos de Bremen – dos Irmãos Grimm – o espetáculo acontece com a manipulação de personagens dentro de uma caixa, que ora parece uma máquina, ora parece um antigo brinquedo. O responsável pela manipulação – e também pelo entretenimento do público presente – é Valentim, um contador de histórias vivido por Morales. Foi no deslocamento de Porto Alegre para São Paulo, onde apresenta seu espetáculo nas unidades Sesc/SP em Itaquera, Sorocaba e Campinas, que o ator, cenógrafo e diretor reservou um tempo para conversar com a EOnline sobre sua paixão pelo teatro. “O teatro sempre esteve na minha vida, é uma arte que a gente nasce sabendo fazer, é muito antiga, já está no nosso DNA. Sempre brinquei de fazer teatro. No final de 1999, ao reencontrar o amigo e ator Sérgio Etchichury – ao acaso na rua, em Porto Alegre – tudo ficou mais sério. Depois de uma longa conversa, ele cogitou que eu trancasse a faculdade de administração e fizesse um curso no Depósito de Teatro, onde ele estava dando aulas. O Serginho é um cara que eu sempre admirei, seu trabalho e sua postura diante do teatro, e por isso confiei no seu ‘convite’. Eu larguei a faculdade e fui fazer os cursos do Depósito. Em 2000, passei a encarar o teatro como profissão, com os mestres Sérgio Etchichury, Sandra Possani e Roberto Oliveira, além de Liane Venturella, que é diretora do espetáculo”. Responsável também pela produção, cenografia, ilustrações e pelo material gráfico do espetáculo, Rudinei é pesquisador das Artes Plásticas e já realizou duas exposições no Sesc de Porto Alegre. “O teatro está fundamentalmente ligado às artes plásticas, ao meu ver. A manifestação de uma ideia teatral não se dá apenas no corpo do ator, ela passa pelo corpo, mas tende a se estender além dos limites do corpo. Por isso existe a cenografia, a luz, o figurino, os adereços e os bonecos. Eu acho muito importante saber como se dão os processos construtivos e quais os materiais mais apropriados. É a tinta, é a agulha, é o lápis, são os pregos. E o teatro devolve às artes plásticas seus favores na forma de ação, de ritmo e de frescor. Eu ainda incluiria a música nesta lista de indispensáveis: Teatro, Artes Plásticas e Música”. Quanto à encenação em espaços abertos, como praças e parques, Morales salienta a troca ininterrupta com o público nas apresentações: “O desafio é permanecer presente, apropriar-se do espaço. Tem que ficar presente, no presente, no momento, olho no olho. Apesar de ser um solo, o espetáculo necessita da participação do público o tempo inteiro, e daí se estabelece uma intimidade e começa a troca. As pessoas querem participar, são generosas, trazem suas histórias, entram na brincadeira. São muitas histórias que surgem disso. Um ciclista trouxe água, agradecido porque o espetáculo deixou seu dia mais feliz. Uma menina que saiu durante o espetáculo e foi em casa buscar a prima porque ela precisava assistir. As vovós que ficam contando suas histórias quando o espetáculo termina… Na medida em que consigo, tudo se torna história e acrescento ao espetáculo algumas citações que surgem espontaneamente do público. Uma das mais recentes tem a ver com a resposta dada por uma menina à pergunta feita durante o espetáculo: o que surge depois da alegria? A resposta dela foi: depois da alegria, surge a esperança!” finaliza.
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